O Espelho de Dentro
Que pernas são essas tão mais finas
Que eu nem reconheço mais?
E que mania é essa de cremes e brincos
Que nunca associei a você?
Uma beleza quase que artificial
Não porque não tenha custado esforço
O esforço de se ter essa beleza toda
A dor da depilação, da musculação
A dor de toda essa disciplina
E de toda essa mentira
De se querer ser quem não se é
Uma beleza que é diferente
daquela que é mesmo
Como se o espelho mostrasse o oposto
do que é na verdade
o contrário da realidade
uma realidade espelhada
de uma escova progressiva em mim mesma
e que parece até que é meu mesmo
mas precisa de muito cuidado
pra não voltar a ser o que era antes
e precisa retocar depois de uns meses
será que até eu vou cair nessa farsa?
De acreditar que o que está fora é tão ou mais importante
E na timidez de mostrar o que é bonito dentro
Me satisfazer com os elogios ao que está do lado de fora
Dessa casca, da maquiagem que pode até ser a prova d’água
Mas não protege da chuva aquilo que está escondendo
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