23.4.05

Last Thoughts...

Esse é de agosto de 2004, estava lendo hoje e fiquei um pouco assustada. Mas a verdade é que às vezes ainda me sinto assim... como se a tristeza estivesse sempre à espreita, esperando a oportunidade. Mais ou menos que nem a herpes que eu tenho latente, sempre esperando que eu fique gripada, ou que eu pegue sol demais... ultimamente até que tenho sabido me proteger melhor... sou o Porquinho mais velho agora, aquele da casa de tijolos e cimento (também, as outras todas já foram derrubadas, não tem mais jeito).


Outro dia vi numa pesquisa a seguinte pergunta: “você se considera uma pessoa feliz?” e me pus a pensar na minha resposta. O primeiro impulso foi o de um “sim”, mas não sei se seria verdadeiro. Penso que esse é um “não” muito difícil de se assumir, quase que um fracasso. Afinal, qual é o objetivo de uma pessoa se não ser feliz? A verdade é que tenho muitos momentos de prazer, mas a maioria é de melancolia, ou simplesmente de nada. Um vazio sem fim. Estou deitada de olhos fechados, e quando resolvo abri-los não faz a menor diferença: nada vejo. Nada de importante, nada que cure o vazio, nada que me complete. Só as velhas coisas de sempre. Em alguns momentos penso que é minha culpa se não me sinto feliz. Se eu quisesse realmente, eu seria. Se eu fosse mais sociável, se procurasse mais diversão. Mas... que diversão? Procuro preenchimento. Na maioria das vezes a diversão me parece pequena. Procuro pessoas de verdade, e não as máscaras que as pessoas usam. Queria sentir que mais gente me COMPREENDE, queria eu mesma me compreender.

Sinto falta de feitos grandiosos, mas não sei nem por onde começar. De qualquer forma, nada do que eu fizesse atenderia minhas próprias expectativas.

Nada mais ridículo do que querer ter a casa toda pra mim... só pra poder chorar.
Não sei porque tenho essa dificuldade enorme de receber elogios inesperados. Acho desconcertante, constrangedor, humilhante até. Talvez seja a idéia de estar sob constante observação e julgamento. É difícil ser avaliada por coisas que não submeti conscientemente a nenhum tipo de avaliação.

Os monstros que me perseguem na minha imaginação até que são bem simpáticos, parecem saídos de um desenho animado. Ao contrário de algumas pessoas que me cercam na vida real.

É engraçado como as pessoas se preocupam tanto com o que o outro pensa na hora de criar suas máscaras, e tão pouco com o que o outro sente na hora de medir suas atitudes.

*** Agora o telefone tocou novamente. Será alguém pra me salvar de mim mesma? Não era.***




Duas perguntas que espero um dia conseguir responder, ou pelo menos ter uma resposta minimamente satisfatória:
1. Afinal, quem sou eu?
2. Porque vale a pena estar aqui?

Existir é uma dor tão grande que só pode ser aliviada pelo próprio prazer de existir.

O amor é o prazer de existir.
O saber, o pensar, o querer é o prazer de existir.
O próprio PRAZER é o prazer de existir.

Às vezes os elogios são tão falsos que não duram nem o tempo de serem ditos.
Querer algo que não posso ter às vezes é tão difícil que eu escondo de mim mesma quase todos os meus desejos.