28.5.05

Longe, longe...

Eu ontem descansei em você...
Pareceu até que era verdade
Mas isso já faz tanto tempo
Agora estamos distantes

Somos dois em tudo
Dois lugares, dois momentos
dois sentimentos
Somos muitos porque eu já sou um montão
e você ainda nem sei quantos são

Queria te ouvir dizer
Me liga quando chegar
A gente se vê amanhã
E também te ouvir respirar

Poder pensar que
os carinhos que você me faz
também sente por mim

Mas quando eu escuto
não há nada além das palavras,
das mãos e da bagunça
de roupas e corpos
dos meus sentimentos

Sei onde você está,
mas onde estará seu pensamento?

23.5.05

O cheiro do seu cheiro

Ultimamente tenho ouvido bastante um CD da Cássia Eller, aquele "Com Você Meu Mundo Ficaria Completo". Eu tenho dessas coisas, volta e meia um CD vira idéia-fixa, e eu fico ouvindo até não agüentar mais. Depois ele volta a ser ouvido de vez em quando, como todos os outros.

Mas enfim, voltando à Cássia. Tem uma música nesse disco (não sei quem fez, na verdade) que é uma das que mais me faz querer voltar a ouvir repetidas vezes, que diz assim: só o cheiro do teu cheiro não consegue me deixar em paz, me impregnando o dia inteiro nessa roupa que eu não tiro mais. Essas palavras ficam martelando minha cabeça, talvez por me soarem tão familiares. Podia ter sido eu a autora. Podia ser eu a intérprete. Sou eu quem sente agora...

É essa coisa do cheiro que sempre foi tão forte pra mim. Uma vez eu li que a memória mais duradoura no ser humano é a olfativa. Foi numa reportagem bem idiota da revista Capricho há anos e anos atrás, e dizia algo do gênero: um ex-namorado seu pode não lembrar da sua voz, mas do seu perfume ele vai lembrar durante ... anos (não lembro quantos). E lembro que na época, apesar de eu nunca ter dado um beijo na boca, eu fiquei preocupadíssima porque eu não tinha um perfume-identidade, eu usava cada hora um. Até o xampú, o sabonete... cada hora um cheiro diferente. Então, como é que iam lembrar de mim?!?!

Até hoje não consegui escolher um perfume, porque não acho nenhum que tenha a ver comigo, mas me mantenho fiel ao xampu, o condicionador, o sabonete e o hidratante de baunilha. Acho que é esse o meu cheiro, o que tem a ver comigo: de baunilha. Não é agressivo, não é dominante, mas está lá. E é gostoso, sem ser invasivo.

Outro dia me descobri enlouquecida sentindo um cheiro no meu carro... De alguém que passou ali, e o cheiro do cheiro não quer me deixar em paz. E é bem verdade que consigo sentir o mesmo cheiro em algumas roupas minhas também. É automático: eu sinto e me vem tudo na cabeça. Acaba com a minha concentração. E não sinto a menor vontade de me libertar disso, é tão gostoso...

Cheiro de pele, cheiro de cabelo, cheiro de beijos, cheiro que mesmo que saia da roupa e do carro não vai sair de mim tão cedo.

My name is...

Enquanto eu estudei no Liessin, nunca tinha parado pra pensar no meu nome. Afinal, vivendo rodeada de Scheinkmans, Zajds, Weissmans, e outros nomes estranhos. Rosenblatt nem chama atenção. É até fácil, porque se lê como se escreve, não tem nem que adivinhar a pronúncia. O fato de eu ter só dois nomes, sem nada no meio? Chamava menos atenção ainda: Jane Goldman, Ariela Berstein, Rafael Zilberman... putz! Algum dos meus amigos tinha nome do meio? Que eu me lembre, poucos.

Só mais tarde que eu fui parar pra pensar nisso. Hoje vivo rodeada de Laura Dantas Troncoso y Troncoso, Rodolpho Norberto de Paulo Filho, todo mundo tem pelo menos 3 nomes e todos eles (ou quase todos) bem faceizinhos. Aí meu nome-e-sobrenome passou a brilhar no mundo! Lúcia Rosenblatt é muito chique, né não? Todo mundo adora...
São só 2 nomes, um depois do outro, e a sonoridade é maravilhosa. Sorte minha. Indo um pouco além: Lúcia é luz, Rosenblatt é folha de rosa. Poxa, meu nome é bonito mesmo! Pena que tá acabando... pensa só: se eu passar pros meus filhos, vai ficar sendo "nome do meio" e já não vai ser tão cool assim. De qualquer forma, fica complicado eles passarem pros filhos deles. Com as minhas irmãs, mesma coisa. E somos as únicas da nossa geração na famíla a ter o Rosenblatt no nome. A não ser que alguma de nós resolva fazer produção independente, termina por aí. Difícil, heim...

Ciúmes!

Vou admitir publicamente nesse momento uma coisa que até ontem não assumia nem pra mim mesma: eu sou MUITO ciumenta!

O engraçado é que nunca me achei que sofresse disso, afinal nunca fui de desconfiar de namorado, fazer escândalo... traições nunca me passam pela cabeça. E isso é de verdade, mesmo.

Os primeiros sinais perceptíveis foram por causa dos meus violões. Sempre que alguém pega neles pra tocar - desde sempre - eu fico tensa, de alguma forma. Me dá vontade de tocar alguma coisa na mesma hora. Fico prestando muita atenção pra saber se eles estão sendo bem tratados... não consigo ficar tranqüila.

E fiquei pensando nisso, lembrando que também era assim com as minhas bonecas, meus brinquedos. Que sou assim com as minhas roupas, bolsas, brincos que sofro cada vez que uma irmã pega pra usar (apesar de saber que não tem nada demais emprestar).

Refletindo mais um pouco, vi que seria muuuuito estranho se eu fosse assim só com as coisas, e deixasse as pessoas de fora. Aí comecei a prestar atenção, e percebi que apesar de eu nunca desconfiar de ninguém, cada vez que eu vejo um amigo meu conversando muito com alguém e eu tô de fora eu fico querendo que seja comigo... demostrações de carinho, eu sempre acho que as que eu recebo são menores que as destinadas aos outros. Um namorado meu abraçando uma amiga que não vê há 3 meses? - 'Porra, porque esse abraço não é pra mim, eu queria taaaanto...'.

E reparei que eu sou assim com tudo na vida, fico querendo ter mais, e achando que estou recebendo menos que os outros. Menos carinho, menos atenção, menos prestígio, menos menos menos... E o engraçado é que eu nunca tive coragem de pedir mais. Acho que talvez tendo pedido, receber perde um pouco da graça! Tem que ser espontâneo, senão não vale.

É, ainda tá sobrando muito assunto pra minha análise... pelo menos eu já assumi!

Em Noite de Chuva

Só pra ver se você gosta
Quis fazer uma canção ruim
Bem grudenta e as palavras rasas
Das que eu não consigo ouvir

Será que sente a falta
Talvez você gostasse
Como eu de você
Talvez você lembrasse


Em Noite de Chuva

Preciso te ver, falar com você
Porque não dá sinal?
O que passou eu tento entender
Pra mim não é normal

Um dia te encontro no meio da rua
Ou no pensamento em noite de chuva, ah

Queria poder não amolecer
Você só me fez mal
O que passou eu tento esquecer
Seu jeito, o cheiro e tal

Um dia te encontro no meio da rua
Você me abraça molhado da chuva, ah