23.4.05

Como eu Gosto...

Outro dia eu estava com a minha mãe e a minha irmã mais velha (a Ana), olhando umas fotos antiguinhas aqui em casa... Várias fotos da nossa infância! Fiquei pensando muito sobre quando eu era pequena, e sobre como nós três crescemos juntas. Quase sempre Ana, Mônica e Lúcia. Às vezes LuMonicAna (não só na brincadeira de se arrastar pela casa num barco de papel pardo, mas confundidas umas com as outras dentro de mim). Claro que no papel de irmã mais nova eu sempre fui o café-com-leite, o bobinho, a que não sabe nada, mas ainda assim: como foi bom crescer ao lado delas!

O relacionamento que tenho com cada uma delas, e o que elas têm entre si, são totalmente diferentes uns dos outros. Mas assim mesmo... compartilhamos todas as lembranças de família, da nossa casa, de dividir o quarto, elas conheceram todas as minhas fases de vida (até as mais pregas), e isso não vou poder ter com mais ninguém.

Sei que muitas vezes eu posso ter parecido uma estranha com o meu mundo e as minhas coisas à parte de tudo, assim como muito me assustou algumas fases delas que às vezes chegavam a me machucar: as brigas comigo, o desprezo, as brigas com meus pais. O que sei com certeza é que elas nunca vão fazer nada pra me machucar de verdade (apesar dos muitos abusos verbais que já sofri, sei que não é de propósito) e que eu também não seria capaz de fazer nada assim.

Pode parecer cafona, mas esse post é uma declaração de amor explícita - como é BOM ter irmãs!!!! Trocando ou não confidências, sofrendo ou não de tortura e queima de arquivo. Mesmo recebendo os apelidos mais ridículos e detestáveis do universo, apertões e mordidas, e ainda que seja difícil dividir a roupa, o carro, o quarto, os pensamentos, os sentimentos (tudo!)...

Last Thoughts...

Esse é de agosto de 2004, estava lendo hoje e fiquei um pouco assustada. Mas a verdade é que às vezes ainda me sinto assim... como se a tristeza estivesse sempre à espreita, esperando a oportunidade. Mais ou menos que nem a herpes que eu tenho latente, sempre esperando que eu fique gripada, ou que eu pegue sol demais... ultimamente até que tenho sabido me proteger melhor... sou o Porquinho mais velho agora, aquele da casa de tijolos e cimento (também, as outras todas já foram derrubadas, não tem mais jeito).


Outro dia vi numa pesquisa a seguinte pergunta: “você se considera uma pessoa feliz?” e me pus a pensar na minha resposta. O primeiro impulso foi o de um “sim”, mas não sei se seria verdadeiro. Penso que esse é um “não” muito difícil de se assumir, quase que um fracasso. Afinal, qual é o objetivo de uma pessoa se não ser feliz? A verdade é que tenho muitos momentos de prazer, mas a maioria é de melancolia, ou simplesmente de nada. Um vazio sem fim. Estou deitada de olhos fechados, e quando resolvo abri-los não faz a menor diferença: nada vejo. Nada de importante, nada que cure o vazio, nada que me complete. Só as velhas coisas de sempre. Em alguns momentos penso que é minha culpa se não me sinto feliz. Se eu quisesse realmente, eu seria. Se eu fosse mais sociável, se procurasse mais diversão. Mas... que diversão? Procuro preenchimento. Na maioria das vezes a diversão me parece pequena. Procuro pessoas de verdade, e não as máscaras que as pessoas usam. Queria sentir que mais gente me COMPREENDE, queria eu mesma me compreender.

Sinto falta de feitos grandiosos, mas não sei nem por onde começar. De qualquer forma, nada do que eu fizesse atenderia minhas próprias expectativas.

Nada mais ridículo do que querer ter a casa toda pra mim... só pra poder chorar.
Não sei porque tenho essa dificuldade enorme de receber elogios inesperados. Acho desconcertante, constrangedor, humilhante até. Talvez seja a idéia de estar sob constante observação e julgamento. É difícil ser avaliada por coisas que não submeti conscientemente a nenhum tipo de avaliação.

Os monstros que me perseguem na minha imaginação até que são bem simpáticos, parecem saídos de um desenho animado. Ao contrário de algumas pessoas que me cercam na vida real.

É engraçado como as pessoas se preocupam tanto com o que o outro pensa na hora de criar suas máscaras, e tão pouco com o que o outro sente na hora de medir suas atitudes.

*** Agora o telefone tocou novamente. Será alguém pra me salvar de mim mesma? Não era.***




Duas perguntas que espero um dia conseguir responder, ou pelo menos ter uma resposta minimamente satisfatória:
1. Afinal, quem sou eu?
2. Porque vale a pena estar aqui?

Existir é uma dor tão grande que só pode ser aliviada pelo próprio prazer de existir.

O amor é o prazer de existir.
O saber, o pensar, o querer é o prazer de existir.
O próprio PRAZER é o prazer de existir.

Às vezes os elogios são tão falsos que não duram nem o tempo de serem ditos.
Querer algo que não posso ter às vezes é tão difícil que eu escondo de mim mesma quase todos os meus desejos.

9.4.05

Estar não estando

Sabe quando você está em algum lugar, mas tem a nítida sensação de simplesmente não estar?? Não é que você não goste das pessoas, ou do que elas estão fazendo... é só uma questão de não participar nem ativa nem passivamente, de não se sentir pertencendo àquele ambiente.

Pode até por causa de alguma preocupação alheia a toda aquela cena, mas às vezes não tem nada que efetivamente prejudique a participação: é tudo uma questão de estado de espírito, eu acho...

Agora estou eu aqui entre 8 pessoas que eu adoro e elas estão vendo um DVD que eu SEI que eu gostaria de assistir, também. Mas simplesmente estou aqui, navegando na web e escrevendo meu blog... Estou não estando com a galera...

Ok, fazer o quê?

Ai, Esses Ciclos que Me Perseguem

Faz tempo que percebo que minha vida é regida por alguns ciclos...

O primeiro deles é o ciclo de emagrecimento/engorda. Marca presença todos os anos, alguns com mais intensidade e outros de maneira que ninguém perceba. Mas eu percebo, eu sinto. É uma questão de atitude também, da atitude de ligar ou não pra minha aparência, de de cuidar ou não da minha saúde: me alimentar de maneira saudável, fazer exercícios... e parece que cada ano é igual com relação ao meu comportamento em cada mês.

Outro ciclo - esse não tem cronologia certa pra acontecer - é o de ânimo/desânimo. Antes os períodos de desânimo eram mais longos... Mas enfim, posso estar superbem na minha vida em relação a tudo. Em algum momento o desânimo aparece. O engraçado é que nos períodos "pra cima" pode acontecer várias coisas ruins, eu continuo me sentindo feliz. Não importa o que aconteça... É até meio estranho na verdade, às vezes fica parecendo uma certa insensibilidade aos problemas. E o contrário também acontece. Deu estar triste, triste, de nada que aconteça ou que me digam me fazer sentir bem. Tudo parece ruim, eu pareço ruim, é um inferno. O que também é terrível não só pelo motivo óbvio de eu estar me sentindo mal, mas também porque parece desconsideração com os que estão à minha volta, tentando contribuir para o meu bem-estar. Tem vezes que acho que tenho transtorno bipolar (bem possível haha). Mas acho também que todo mundo tem esses momentos...

Profissionalmente/academicamente também tem outro ciclo... épocas em que eu consigo me concentrar, que eu estou totalmente motivada, alternadas com momentos em que não consigo pegar num livro. Mas não é vagabundagem... é questão de não conseguir MESMO! E de ficar preocupada, responsável que sou, por não estar fazendo tudo que eu devia.

Ah, tem também os ciclos de dúvidas/certezas. Tem épocas que fico sempre cheia de dúvidas... tem outras que tenho uma certeza diferente a cada dia (haha).

Enfim, poderia continuar minha listinha indefinidamente (ah, lembrei de mais um: ciclos de com saco/sem saco de escrever no blog...) mas prefiro deixar pra lá, acho que já deu pra passar o recado, né?

3.4.05

O Tempo de Viver

Recentemente morreu uma menina que eu conhecia. Não era exatamente uma amiga, mas uma pessoa próxima "conceitualmente" (se é que se pode falar assim)... tinha mais ou menos a minha idade, era da minha academia, já tinha feito inglês comigo, era filha do meu dentista...

Fiquei extremamente chocada com a notícia, mas só parei realmente pra pensar nisso no dia da missa, dentro da igreja lotada de gente que também não conseguia entender muito bem o que tinha acontecido. Duas linhas de pensamento me prendiam. Uma, a de que não valorizamos nossa vida o suficiente. Corremos riscos demais sem necessidade, não pensamos em quanto somos frágeis. A outra é que deixamos de fazer muitas coisas que podemos não ter oportunidade de fazer depois. Simplesmente pode acontecer de não estarmos mais aqui amanhã, de deixarmos de existir (pelo menos fisicamente, acho que no imaginário dos que ficam todos continuam vivos).

E me pergunto: quais são meus principais objetivos na vida? As coisas que faço hoje me aproximam ou me afastam desses ideais? São indiferentes? Realmente não sei... Mas acho que uma atitude eu tenho tomado nesse sentido: a de não deixar nunca de falar para as pessoas as coisas que sinto em relação a elas. Se gosto, se não gosto, se estou chateada, QUALQUER coisa. Tenho tido uma enorme necessidade de que as pessoas tenham chance de compreender meus pensamentos, meus sentimentos. Apesar de muitas vezes parecerem incompreensíveis até para mim. Mas tenho procurado dar sempre uma chance de me aproximar, de me envolver, de fazer as pazes, de deixar que as pessoas expliquem seus motivos, de explicar os meus, de dar os conselhos que eu acho válidos, de receber os conselhos dos outros...

Ultimamente tenho investido meu tempo, meus esforços e minha energia em me relacionar com os outros, e em decidir de verdade o que é bom pra mim: academica, profissional e pessoalmente. Até que não é uma tarefa muito fácil não, mas compensa.

2.4.05

Tá tudo do lado de dentro...

Eu briguei com você dentro de mim, e o pior é que nem te contei.
Fiquei chateada mesmo, de não querer conversa.
Xinguei de tudo que é nome, cortei relações.
Nada do que você me dissesse seria suficiente
diante de tanta desconsideração que você demonstrou.

Uma pessoa querida que caiu abaixo de zero no meu conceito,
Um amigo que ultrapassou todos os limites,
Perdeu todas as linhas,
E o que mais se possa querer falar
Ainda por cima agindo como se nada tivesse acontecido

- Claro! Você nem sabia... -

Machucou mesmo, e parecia até que tinha sido de propósito
Mas depois de um tempo não acreditei em mais nada disso
Sério: não acho que você faria nada sabendo que ia doer,
E agora eu tento desvendar o mistério
O mal-entendido estava em mim ou em você?

Eu briguei com você dentro de mim
E agora queria dizer que estou louca pra fazer as pazes.