27.6.05

Por mais que eu tente, nunca consigo acabar de arrumar a bagunça do meu quarto. Sempre fica algum sapato fora da gaveta porque "eu acho que vou usar amanhã", ou uma pilha de livros e papéis na mesa que eu "vou ter que estudar esses dias mesmo"... Ou então eu simplesmente acho que já está arrumado o suficiente pra mim, e que o esforço de arrumar mais não compensa a satisfação que eu vou ter por estar "um pouco mais arrumado"- é, até que eu aprendi bem a função de utilidade nas minhas aulas de economia.

Saindo um pouco da esfera do meu quarto, hoje eu estava pensando que por mais que eu tente e me prometa, nunca consigo acabar de arrumar a bagunça dos meus sentimentos. E normalmente é você que fica ali do lado de fora, escapando da classificação. Como um livro que eu não consigo decidir se é pra guardar com cuidado na estante, pra dar pra alguém porque não gostei, ou pra ficar ali mesmo, que eu quero ler de novo... Acho que já está na hora de decidir. E faz tempo...

9.6.05

Lembrança de Nós Dois

As mesmas músicas tocando
Do CD já cansado
E as lembranças continuavam ali
sendo apenas o que eram:
lembranças

A canção estava lá
Mas seus braços já se tinham ido
e ninguém mais me embalava

O calor não estava lá
O cheiro, os pelos, a pele
o respirar, as mãos
que muitas vezes estão
por toda parte mas dessa
vez não

E o olhar que nunca mais
encontrou, aquele do querer
de verdade
Aquele com um brilho que
não se pode explicar nos
olhos claros
O olhar que nunca mais viu.

Mesmo ao encontro repetido das mãos,
cheiro, pelos, pele e respirar
Fica entre nós faltando o encanto no seu olhar.
Onde será que ele se perdeu?

2.6.05

Anote o que eu vou dizer...

Homenagem ao CD recém-gravado de um amigo meu. O músico chama Raphael Carias e o CD é o "Todo dia todo mês todo ano". Para saber mais, é só entrar em www.raphaelcarias.com.br. O site, por sinal, é de minha autoria (é, eu agora sou webdesigner também)...
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Queria poder tremer como fez Carol ao ouvir pela primeira vez a sua faixa. Quando ainda nem tinha CD, a versão original sem edição ou efeitos. Sei que várias canções levam seu nome, mas nenhuma dessas foi feita especialmente para ela. E imagino que não tenha sido só uma, mas foi a única declarada. Declaração assim boa, serenata.

É o que se sente ao ouvir o disco, ao pegar no encarte. Talvez não seja nem metade do que ela sentiu naquele momento, mas com certeza é válido. Sensação de serenata, de pessoas queridas, das muitas influências musicais, de uma conversa gostosa. E sabe o que acontece? Passa muito rápido. De Coco até Como Gosto de Você, não dá pra cansar nenhuma vez. Claro que tem sempre aquelas que a gente acaba gostando mais ou que tocam mais em certos momentos, mas nenhuma que se possa querer pular.

Dá vontade de ver Mel com Léo, como se sua música tivesse o poder de eternizar alguns momentos e sentimentos que já passaram. Fazem parte do passado, mas ficaram registrados para serem sentidos e lembrados a qualquer hora. Será que ainda sente aquelas coisas cada vez que toca e que canta cada uma delas? As pessoas, imagens, viagens, amores...

"Todo dia todo mês todo ano" é um disco muito bom, mas prazer maior é o da certeza de que é tudo verdade. De que não são canções fabricadas em série, cantadas por personalidades escolhidas a dedo e que lembram vagamente pessoas reais. Flashs da vida como ela é percebida por Raphael Carias, que mesmo tendo alergia nunca deixa de cantar. Um Raphael sincero e sensível, um artista de talento. Espero que ele continue matando nosso desejo de sentir o seu tocar.

Que esse moço nunca fique sem papel pra poder escrever, porque o público pra aplaudir nunca vai faltar!