25.9.05

A Paz...

Um dia ele disse que queria Alice pra valer. E foi difícil de acreditar, difícil mesmo. Depois de tanto sofrer, tanto doer. A falta de um Bernardo arrancado de dentro dela e o espaço que sobrou deserto ali dentro. Naquela hora a felicidade foi demais e ela nem pensou em como que seria.

A verdade é que depois que chegou em casa ela não conseguiu dormir, e no dia seguinte ficava só pensando que qualquer hora qualquer minuto qualquer deslize ele podia resolver e dizer que não era nada daquilo na verdade. Ela sentia medo. Estava apavorada. Queria uma prova, um sinal, de que era verdade.

Os dias foram passando e a insegurança que era tão maior que ela foi ficando pequeninihha até que ela conseguiu guardar num cantinho bem pequeno que passou a chamar só de ciúmes. O engraçado é que não conseguia se acostumar – ou não queria que virasse costume – que os dois estavam juntos. Cada beijo cada abraço era maravilhoso, era emocionante mesmo. Como será que vira rotina? Será que vira um dia? E será que é bom ou ruim se virar?

Ela não sabia se estava esperando sempre o extraordinário em todos os momentos e achava isso muito perigoso, porque a vida não é assim. Mas a verdade é que se sentia calma ao lado dele. Tranqüilidade, era justamente o que procurava. Alguém pra dividir as coisas, os momentos, os tempos vazios de obrigações. Pra compartilhar o corpo que era bonito mas que achava sem sentido cuidar se fosse só pra sus própria apreciação. Gostava de pensar em Bernardo quando tomava seus pequenos – e mesmo os grandes – cuidados. Ao malhar, cortar o cabelo, se vestir. Poder se sentir bem ao se despir ou ser despida, manter sempre altos os padrões. Conquistar.

Ele tinha olhos claros, tocava violão, a altura certinha pros seus beijos, não tinha os ataques de gritos, tratava ela melhor que qualquer um. E ele acordava cedo! O que mais poderia querer, se não fosse esse homem ao seu lado, na sua cama – ou na dele – invadindo sua vida, segurando seu corpo e mexendo em seus cabelos? Agora ela tinha tudo isso. E só podia esperar que essa paz durasse...