28.10.04

Estréia

Olá, queridos leitores!!!!

Sei que não tenho atualizado muito o blog ultimamente, então aí vai a nova programação (que eu espero cumprir - de verdade!): prometo um post novo até a quarta feira de cada semana (o de hoje vale por ontem...). Assim os assuntos podem continuar interessantes e eu não preciso dar nó pra escrever.

Bom, acho que a maioria (se não todos, afinal não são muitos) de vocês soube da minha estréia hoje. Alguns até foram!!!! Agradeço a todos...

Queria dizer que é uma experiência indescritível - e ainda assim eu vou tentar descrever, veja bem. É algo entre drogas pesadas e montanha-russa, recomendo fortemente a todos. É bem verdade que as horas que antecederam o momento foram extremamente torturantes, é preciso muita coragem. Fiquei gelada MESMO, pensei em desistir, pensei que ia ter um treco, pensei num monte de coisas... mas não que ia ser tão bom. Tava precisando mesmo sentir que consigo fazer bem uma coisa e sentir muito prazer ao mesmo tempo, de CONSTRUIR uma coisa de verdade e poder ver os resultados. E sem dúvida vi o quanto meu esforço (ao longo dos meses de ensaio, e nos últimos dias o de enfrentar o público) valeu a pena. No final eu tava muito QUENTE. Não faz muito tempo que se me contassem que hoje eu ia estar sendo aplaudida pela minha atuação teatral eu ia achar engraçadíssimo, uma piada ótima. Agora tenho certeza que não quero parar nunca mais. Acho que todo mundo tem o dever de procurar algo que faça se sentir assim.

Não posso deixar de agradecer - e muito - todos que foram me assistir, os que não puderam ir mas ficaram pensando em mim nesse momento, os que me ajudaram a passar o texto (Clarinha, é com você!!) e principalmente meu companheiro de palco Felipe e minha diretoraprofessoraamigatudojunto Renata Mizrahi. Uma pessoa muito especial e sem a qual eu jamais teria chegado a subir naquele palco e com quem aprendo mais e mais a cada dia. Ah, e minha analista que aturou muito assunto de teatro nos últimos meses (é bem verdade que foi paga pra isso, mas não custa nada).

Ah, e Carol é o CARALHO! (essa é só pra quem assistiu mesmo...)

OBS: não se iludam: não é possível dormir depois da experiência.

19.10.04

Condições atmosféricas...

Chuvinha chata caindo lá fora... e aqui dentro também: tem dias que eu sinto que chove dentro de mim.
O engraçado é que na maioria das vezes eu só descubro o porque depois. Motivos concretos não me faltam, mas também não faltam motivos pra estar superbem. Tudo uma questão de como se reage a tudo, acho que é estado de espírito mesmo. O problema é que todo o resto do mundo parece não se afetar com esse tipo de mudança, ninguém além da chuva parece estar solidário aos meus sentimentos. E se eu estivesse irradiante de alegria acho que seria a mesma coisa... Cansei de ter todas essas sensações transbordando dentro de mim, e ver que tudo continua igual no resto do mundo. Quero gritar, quero pular, quero dormir por um mês, só não quero ter que continuar a fazer tudo como antes, como se nada estivesse acontecendo. E estão acontecendo TANTAS coisas ao mesmo tempo... Tudo do lado de dentro. Muitas vezes sinto isso: que no lado de dentro acontecem muito mais coisas do que no lado de fora da gente.

QUERO O SOL!
Quero sentir que alguém me entendeu, que alguém pensou em mim, que alguém me quer de verdade, quero desejar alguma coisa com todas as minhas forças, mas tudo me parece mais do mesmo...

18.10.04

Homenagem a Fernando Sabino

Um tanto atrasado, eu sei. Mas acho que é válido assim mesmo...
Trechos selecionados de uma crônica que gosto muito, chamada "As Pequenas Coisas" e com a qual eu acredito que muitos - eu inclusive - podem se identificar.

"Tenho um fraco por listas. Sou leitor (leitor é modo de dizer) do Book of Lists de Irving Wallace e semelhantes. Quando não há nada melhor a fazer, faço as minhas listas"

(...)

Há muito tempo não atualizo a lista mais fácil de todas: a das pequenas coisas que me desagradam e que tenho que enfrentar diariamente. Não aquelas obviamente desagradáveis para todo mundo, e que só encontram alívio num palavrão, como tropeçar numa pedra ou pisar em cocô de cachorro. Refiro-me às que despertam particular idiossincrasia neste ou naquele, variando de qual para qual, cada um tem as suas.

Aqui vão algumas das minhas:

A palavra idiossincrasia. Compromissos marcados com mais de quatro horas de antecedência. Visita de mais de duas pessoas. Responder cartas. Roupa sob medida. Compra a prestação. Rádio de táxi. Esperar o que quer que seja, até mesmo o pagamento. Troco que a empregada traz da feira, todo embolado e com várias moedinhas. Qualquer espécie de farda ou uniforme. Poltrona sem braços. Salas de espera. Colar selo em carta. Escrever. Arma de fogo. Ler originais. Buzina. Luz fluorescente. Discussão. Copo de plástico. A frase Você está se lembrando de mim? Guardador de automóveis. Sapato novo. Banho frio. Aquela musiquinha ao telefone, enquanto a secretária nos faz esperar.

(...)

E tem mais:

Prato sobre os joelhos em jantar americano, talher de peixe, cartão de visita, toalha de banho úmida, passarinho em gaiola, manteiga gelada, filme dublado, rosto no espelho pela manhã, encher canhoto de cheque, quadro torto na parede, meninos que pedem esmola nos cutucando na perna, carro de polícia emparelhado ao nosso.. A lista é infindável. Só me resta o consolo de saber que estas coisas existem porque tem gente que gosta.

Em compensação, faço outra lista, a das pequenas coisas que me agradam, e que compõem pra mim, imperceptivelmente, isso que os mais otimistas chamam de alegria de viver:

Dia de chuva sem precisar sair de casa. Carta que não exige resposta. Mudar os móveis de lugar, descobrindo uma arrumação muito melhor. Conseguir desfazer um compromisso sem precisar mentir. Balança de farmácia que nos dá uns quilos a menos. Pagar a última prestação. Ler revista velha no banheiro. Chegar atrasado e o espetáculo não haver começado. Ar-refrigerado central. Ler na cama até dormir, mal conseguindo apagar a luz. Cinema sem fila, a platéia quase vazia. Não ter nada a ver com a política partidária. Controle remoto de televisão, que permite não ver vários programas, trocando de canais o tempo todo. Não precisar fazer regime para emagrecer. Circo com direito a pipoca. Passarinho solto. Poder sair sem se despedir. Já ter escrito. Fazer lista das pequenas coisas que reslmente me agradam.

17.10.04

Novo Blog no Pedaço!!!!

Acabo de resolver socializar meus pensamentos com os amigos nesse mundinho virtual. Espero que gostem. O nome é em homenagem ao Crime e Castigo do Dostoievsky, que acabo de começar a ler.

Sobre a homenagem: logo no segundo capítulo surge um sujeito (como o livro é russo os nomes são todos muitissíssimo complicados e compriiiiidos) que bebe demais e não consegue entender o porque. Ele quer ir trabalhar, quer dar uma vida boa a sua família, mas sai e gasta todo o dinheiro em bebida, perde o emprego, etc. Enfim, acho que tenho me sentido um pouco assim ultimamente (não, não comecei a beber loucamente desde a última vez que te vi, caro leitor). A questão é que às vezes faço coisas que não consigo entender porque, que simplesmente não devo - e não quero fazer. Mas parece que é maior que eu, não sei explicar. Como se eu perdesse o controle durante aqueles instantes. O que me leva a pensar: o que diferencia, por exemplo, comer ou falar o que não se deve de cometer um crime, quando talvez ambos sejam conseqüência de uma mesma falta de controle? É lógico que entendo a diferença da conseqüência, mas essencialmente é isso que me aterroriza mais nesse descontrole todo.

Bom, já me expus demais pra um post só. Espero que gostem, e prometo que vou tentar atualizar mais...