Na Escola
Na escola acho que sempre carreguei um carma de "melhor amiga da garota popular"....
Era sempre assim, não sei porque. Eu tava sempre muito próxima delas, as garotas que todo mundo gostava, que todos os meninos sonhavam namorar, que todo mundo queria se vestir igual, que sabiam dançar melhor que todo mundo, que não usavam óculos nem aparelho e que já tinham beijado na boca (ou pelo menos juravam que sim) quando todo mundo ainda não tinha.
Não é que fosse uma relação totalmente desequilibrada, ou que eu perseguisse elas, nem nada disso. Acontecia. Elas também me adoravam (mas nem todos os amigos delas, obviamente). Eu que sempre fui a desajeitada, a descabelada, a que ia pras festas vestida de criança e ficava num canto torcendo pra ninguém se lembrar de me chamar pra dançar pra não ter que pagar mico, a que usava aparelho E óculos e era super CDF, a que não saía de noite porque mamãe não deixava (cara, que saco!), tudo de ruim...
Mas algumas coisas boas aconteceram por causa disso: meu primeiro beijo, por exemplo, foi super tarde pro padrão da época (eu tinha 13 anos, uma vergonha...) mas foi lindo - e eu já inha tirado meu aparelho, o que é o melhor de tudo!
Achava que essa seria minha sina pra sempre, mas hoje vejo que as coisas não são bem assim... Tudo que me faltava era um pouco de auto confiança. Não me sinto mais o "anexo" de alguém legal, descobri depois de grande que existe vida independente dentro de mim - ponto pra minha analista - e que eu posso (porque não?) também ser o centro de muitas coisas legais, assim como todo mundo. Não tenho medo de dançar e parecer ridícula - aliás, eu acho que a única coisa que faz realmente uma pessoa parecer ridícula é esse medo que trava tudo, não tenho medo de fazer coisas querendo ficar mais bonita. Cremes, brincos, roupas, academia, praia, alimentação, tudo vale.
Acho que não tenho mais medo que as pessoas OLHEM pra mim, então não existe mais a necessidade de me esconder na sombra de alguém que chame muito mais atenção que eu (nossa, não tinha pensado nisso até agora). Ao contrário - eu quero atenção e não tenho mais vergonha de assumir. Afinal, quem é que não quer um pouquinho?
Hoje vejo que o papel de garota popular não é escolhido pelos outros, e sim assumido pela própria pessoa. Claro que eu achava que tinha vindo ao mundo pra ser sombra, que esse era o meu destino, que não havia nada que se pudesse fazer a respeito... Fácil pensar assim, né? O difícil é reconhecer o que nos leva a assumir certos papéis e mudar tudo.
Eu mudei.