19.1.05

Na Escola

Na escola acho que sempre carreguei um carma de "melhor amiga da garota popular"....

Era sempre assim, não sei porque. Eu tava sempre muito próxima delas, as garotas que todo mundo gostava, que todos os meninos sonhavam namorar, que todo mundo queria se vestir igual, que sabiam dançar melhor que todo mundo, que não usavam óculos nem aparelho e que já tinham beijado na boca (ou pelo menos juravam que sim) quando todo mundo ainda não tinha.

Não é que fosse uma relação totalmente desequilibrada, ou que eu perseguisse elas, nem nada disso. Acontecia. Elas também me adoravam (mas nem todos os amigos delas, obviamente). Eu que sempre fui a desajeitada, a descabelada, a que ia pras festas vestida de criança e ficava num canto torcendo pra ninguém se lembrar de me chamar pra dançar pra não ter que pagar mico, a que usava aparelho E óculos e era super CDF, a que não saía de noite porque mamãe não deixava (cara, que saco!), tudo de ruim...
Mas algumas coisas boas aconteceram por causa disso: meu primeiro beijo, por exemplo, foi super tarde pro padrão da época (eu tinha 13 anos, uma vergonha...) mas foi lindo - e eu já inha tirado meu aparelho, o que é o melhor de tudo!

Achava que essa seria minha sina pra sempre, mas hoje vejo que as coisas não são bem assim... Tudo que me faltava era um pouco de auto confiança. Não me sinto mais o "anexo" de alguém legal, descobri depois de grande que existe vida independente dentro de mim - ponto pra minha analista - e que eu posso (porque não?) também ser o centro de muitas coisas legais, assim como todo mundo. Não tenho medo de dançar e parecer ridícula - aliás, eu acho que a única coisa que faz realmente uma pessoa parecer ridícula é esse medo que trava tudo, não tenho medo de fazer coisas querendo ficar mais bonita. Cremes, brincos, roupas, academia, praia, alimentação, tudo vale.

Acho que não tenho mais medo que as pessoas OLHEM pra mim, então não existe mais a necessidade de me esconder na sombra de alguém que chame muito mais atenção que eu (nossa, não tinha pensado nisso até agora). Ao contrário - eu quero atenção e não tenho mais vergonha de assumir. Afinal, quem é que não quer um pouquinho?

Hoje vejo que o papel de garota popular não é escolhido pelos outros, e sim assumido pela própria pessoa. Claro que eu achava que tinha vindo ao mundo pra ser sombra, que esse era o meu destino, que não havia nada que se pudesse fazer a respeito... Fácil pensar assim, né? O difícil é reconhecer o que nos leva a assumir certos papéis e mudar tudo.

Eu mudei.

8.1.05

É Verão

O meu bronzeamento artificial é natural
Porque vem do sol de todo dia
E também da laranja com cenoura
De andar na rua na praia
E ter marca também de blusa
Além das outras marcas todas desiguais
E às vezes descasca e fica de várias cores misturadas

Daqueles que são obtidos com esforço
E com cuidado pra não fazer feio
Apesar de todas as muitas marcas
E que escondem a verdadeira cor
Aquela original, lembra?
Mas que não é dessa estação

E que mostra o que não se é
E que esconde o que não se gosta
Passando uma imagem qualquer
O meu bronzeamento natural é artificial

7.1.05

Muro de Segurança

Que idéia foi essa de fingir
que não percebi o que estava acontecendo
De tentar me proteger atrás
dessas muralhas que vieram abaixo
com a primeira brisa que passou?

O que eu tentei construir
Saiu tudo errado
E a impressão que eu passei foi um engano
Não só pros outros (e pra você)
Mas pra mim também – principalmente

Toda essa imagem de segurança:
Quem é essa pessoa que se acha bonita
E que se acha importante e poderosa
Mas que eu mal conheço
E que ninguém conhece?

Quem é essa, que me toma por inteiro
E fica rindo pelos cantos, bancando a independente
Quando na verdade só quer um pouquinho de atenção?
Amar e ser amada
Um olhar

- Ai, você olhou!-

Não que o prazer não seja real
E eu falo de todos eles, inclusive
O prazer de dar prazer

Mas é que a dor também é grande
A dor pra conquistar o prazer
- Ou será só prazer de sentir dor? -
Talvez seja a dor que o prazer traz
A dor pra proporcionar o prazer do outro

Só queria que fosse dito que
o que mexe no corpo não é suficiente
Apesar de indispensável
Talvez por ser tão necessário confunda um pouco
E pareça bastar por si só
Mas saiba que sou mais que isso
E faço questão de sê-lo
Apesar de muitas vezes não parecer

Segredo: é tudo fachada

O Espelho de Dentro

Que pernas são essas tão mais finas
Que eu nem reconheço mais?
E que mania é essa de cremes e brincos
Que nunca associei a você?

Uma beleza quase que artificial
Não porque não tenha custado esforço
O esforço de se ter essa beleza toda
A dor da depilação, da musculação
A dor de toda essa disciplina
E de toda essa mentira
De se querer ser quem não se é
Uma beleza que é diferente
daquela que é mesmo

Como se o espelho mostrasse o oposto
do que é na verdade
o contrário da realidade
uma realidade espelhada
de uma escova progressiva em mim mesma
e que parece até que é meu mesmo
mas precisa de muito cuidado
pra não voltar a ser o que era antes
e precisa retocar depois de uns meses

será que até eu vou cair nessa farsa?
De acreditar que o que está fora é tão ou mais importante
E na timidez de mostrar o que é bonito dentro
Me satisfazer com os elogios ao que está do lado de fora
Dessa casca, da maquiagem que pode até ser a prova d’água
Mas não protege da chuva aquilo que está escondendo

1.1.05

Tatuagem

Outro dia estava na praia e decidi fazer uma tatuagem de henna. Escolhi uma do Gato Félix, que tá nas minhas costas perto do ombro direito. A-do-rei!

Agora, é meio estranha essa coisa de tatuagem. Primeiro que é uma coisa que está no seu corpo mas ao mesmo tempo não é sua, e você não consegue tirar nem limpar (não, eu nunca pintei o cabelo nem fiz mechas nem luzes nem nada parecido). Segundo que como ela está nas minhas costas e eu não fico vendo o tempo todo, volta e meia eu me esqueço que ela está ali. E quando eu menos espero, vem alguém falar dela pra mim, o que pode ser bom e ruim ao memso tempo... O mais engraçado é que as pessoas me perguntam é de verdade? como se o fato de ser temporária a tornasse menos real. Naquele momento ela existe, está na minha pele e não pode ser "lavada". Então SIM, ela é de verdade. Só não é definitiva.

O que me faz lembrar... me peguei pensando em como seria ter uma definitiva. Além de morrer de medo de dor, acho que eu nem ia curtir. Eu compro uma blusa LINDA um dia e no mês seguinte não sei como alguém consegue gostar daquele troço! Imagina uma pintura pra sempre na minha pele... Logo eu, que cada dia me descubro uma pessoa totalmente diferente da que estava ali no dia anterior.

Mas de qualquer forma, fiquei com vontade de manter meu Gato Félix pelo menos por mais um tempo... Ai ai, vontadinha...

Decepções de Ano Novo...

Aqui estou eu, 5 da manhã do primeiro dia do ano de 2005, acordada e escrevendo no Blog. Inacreditável...
É impressionante como as minhas expectativas para a virada do ano são sempre tão altas, e como eu quase sempre acabo me decepcionando (um pouco como com todas as outras coisas na minha vida). Não sei nem porque eu espero tanto dessa noite, afinal:

1. não gosto de multidão (e a Avenida Atlântica é o que nesse dia?)
2. não sou de beber (o que reduz enormemente as possibilidades de curtir essa noite)
3. gosto de dormir cedo, e por mais tarde que eu durma acabo acordando cedo no dia seguinte
(tem outros argumentos, mas não vou lembrar agora - tô começando a me achar uma pessoa meio errada)

Bom, hoje foi o seguinte: fui a um jantar bem legal na casa de uma amiga em Copa, até que deu 23:30 e todo mundo quis descer por motivos óbvios. Era um grupo enorme - tipo umas 10 pessoas - e depois dos fogos o objetivo era ver o show da Elba Ramalho. O problema é que quando se anda num grupo grande toda hora alguém tem que parar pra falar com uma pessoa que encontrou, pra comprar uma cerveja, pra ver alguma coisa... e aé botar todo mundo pra andar de novo é o maior sufoco! Resultado: quando chegamos ao lugar do show, ele já tinha acabado. Aí voltamos andando no mesmo esquema pra casa dessa menina (é isso que eu chamo de diversão).

Ah, tem dois detalhes! O primeiro é que e tava de dieta séria desde o início de novembro (inclusive natal) e comi pra caramba. Resultado: estou passando mal, fiquei "fraca" pra comida - o que por um lado é até bom... O outro detalhe é que um taxi quis me cobrar 25 pratas pra ir da Bolivar até a Vinícius, aí resolvi pegar um ônibus. O ônibus tava todo vomitado... Porque as pessoas são assim?????

O pior de tudo é que amanhã mesmo que o dia esteja lindo não vai ter praia, tá tudo uma imundície.